20/09/2018 11:54:01
De acordo com a médica nutróloga Cristiane Molon, esses altos índices têm uma íntima relação com o fato de a maioria da população não conseguir identificar os prejuízos do ritmo de vida acelerado e sob tensão. “Cada dia temos mais atividades, compromissos e situações que nos preocupam. Fazemos tudo no automático, não percebemos que estamos estressados. É aí que mora o perigo”, constata.
Fisiologicamente, são mobilizadas inúmeras substâncias e hormônios com o objetivo de manter o equilíbrio do organismo. Sim, de certo modo, o estresse é vital. Mas, quando esse estado se torna crônico, desencadeia uma cascata de alterações no metabolismo como um todo, deixando-o mais vulnerável a uma lista de estragos, muitas vezes, irreversíveis.
Para conseguir identificar e reverter esse quadro é preciso entender o que acontece diante de uma situação estressante. “A glândula suprarrenal libera o cortisol e a adrenalina. Os músculos se ativam e ficam tensos, as pupilas dilatam, a digestão fica lenta, transpiramos, as mãos ficam frias, os batimentos cardíacos, a pressão sanguínea e a frequência de respiração aumentam a fim de transportar nutrientes e oxigênio em volumes maiores”, explica a nutróloga.
As enormes quantidades de hormônios liberados nesse processo podem custar um preço à saúde que ninguém está disposto a pagar. Entre os efeitos mais comuns estão queda nos hormônios sexuais, dermatites, alergias e intolerância alimentares. “O cortisol, quando alterado, pode mexer no metabolismo do açúcar, elevando a glicemia com liberação de insulina. Esse quadro de resistência à insulina pode favorecer o acúmulo de gordura visceral, aquela que fica entre os órgãos, contribuindo para a obesidade e o diabetes”, alerta.
Sintomas
A lista de sintomas do estresse é extensa. No geral, ela inclui cansaço, insônia, impaciência, coração acelerado, oscilação da pressão arterial e de temperatura corporal, transpiração excessiva, lapsos de memória e obesidade. “Não identificar situações que geram o estresse é muito maléfico para a saúde. Chega uma hora em que precisamos parar, observar e analisar a vida, o que vale a pena, o que é essencial”, aconselha.
DICAS
- Foque nas situações do momento presente. Não fique corroendo o passado ou tentando controlar o futuro.
- Encontre uma válvula de escape para suas frustrações.
- Conecte-se com sua espiritualidade, isso dá força e confiança.
- Compartilhe suas dificuldades com alguém. Muitas vezes, o ato de falar é libertador.
- Experimente mudar a forma como vê o mundo, tente enxergar o lado positivo da vida.
- Agradeça pela vida, ela pode não ser perfeita, no entanto, é a sua realidade. Aceite-a e agradeça.
- Não leve nada para o lado pessoal. Isso faz você perder energia.
- Não se deixe dominar por pequenas preocupações.
- Durma mais cedo e busque relaxar para que o sono seja reparador. Mantenha o quarto escuro para que a melatonina, indutor natural do sono, seja liberada.
- Pratique exercícios físicos regularmente.
- Diminua o café. Substitua-o pela versão descafeinada ou prefira chás naturais.
- Busque se alimentar melhor, evite alimentos com capacidade inflamatória como derivados de farinha de trigo, gorduras vegetais (óleo de soja, canola e milho) e industrializados.
- Pratique meditação ou mindfulness, técnicas importantes para desacelerar o pensamento e observar o que está acontecendo internamente.
- Reserve um tempo, diariamente, para gerenciar o estresse.
Cristiane Molon
Médica especializada em nutrologia com pós-graduação em Prática Ortomolecular e Saúde da Família.