Os golpes digitais evoluem constantemente, explorando sempre novas formas de enganar vítimas e obter vantagens financeiras. No momento, entre os casos mais preocupantes em vigor em todo o país, se prolifera o chamado "Golpe do Falso Advogado", uma fraude que tem prejudicado inúmeras pessoas em processos judiciais.

O esquema ilegal se aproveita da confiança entre clientes e profissionais do meio jurídico para enganar vítimas e obter transferências indevidas de dinheiro, muitas vezes usando dados reais disponibilizados publicamente.

Nesse golpe, os fraudadores se passam por advogados e entram em contato com clientes de escritórios, alegando que há valores a serem recebidos de um processo judicial. Para liberar o suposto montante, exigem o pagamento antecipado de taxas via PIX.

Para tornar a fraude mais convincente, os criminosos usam jargões jurídicos para dar credibilidade ao pedido e repassam informações reais de processos judiciais obtidas em bancos de dados públicos. Além disso, chegam a utilizar números clonados de WhatsApp, com logotipos e fotos, criando um ambiente de total verossimilhança.

Segundo explica a advogada Martha Stern Bianchi, especialista do escritório Stern Bianchi Advocacia e Consultoria, de Jaraguá do Sul, o golpe se baseia na engenharia social, técnica que manipula a confiança das vítimas para induzi-las ao erro. “Como os dados mencionados são verdadeiros, os clientes acreditam que estão falando com seus próprios advogados. Isso torna a fraude extremamente eficaz”, ressalta.

A profissional destaca que nenhum pagamento antecipado é exigido para liberação de valores judiciais e orienta que qualquer solicitação nesse sentido deve ser tratada com desconfiança. Para se proteger, a advogada orienta que os clientes sempre confirmem informações diretamente com seus advogados, por meio de canais oficiais, antes de realizar qualquer pagamento.

É recomendável verificar dados bancários, evitar transferências urgentes e desconfiar de contatos que solicitam valores de maneira inesperada. Segundo ela, o setor de advocacia de modo geral também deve manter os clientes em alerta sobre esse tipo de golpe, reforçando os canais legítimos de comunicação e inserindo avisos em seus contratos e nas redes sociais.

Cai no golpe, e agora?

Ao ser vítima de uma fraude, agir rapidamente pode minimizar os prejuízos. Contatar o banco para tentar reverter a transação, reunir provas e formalizar a denúncia são passos essenciais para buscar o ressarcimento. Dependendo da situação, também é possível acionar o Procon ou ingressar com uma ação judicial.

No caso específico do "Golpe do Falso Advogado", Dra. Martha recomenda que as vítimas busquem imediatamente seu verdadeiro advogado, registrem um boletim de ocorrência e denunciem o caso às autoridades, para evitar que mais pessoas sejam persuadidas.

O que fazer se você for vítima de golpe:

- Não envie mais valores e interrompa imediatamente o contato com o golpista.
- Avise seu real advogado ou escritório responsável pelo seu processo. Use canais oficiais como e-mail ou telefone fixo.
- Registre um boletim de ocorrência o quanto antes. Isso é essencial para iniciar qualquer investigação criminal.
- Comunique seu banco imediatamente. Em alguns casos, é possível solicitar o bloqueio ou a reversão do PIX.
- Reúna provas, como os prints de conversas, comprovantes de transferência e qualquer outro dado que comprove a fraude.
- Denuncie a ocorrência aos órgãos competentes, como a Polícia Civil e o Procon.
- Considere buscar reparação judicial, especialmente se houver envolvimento de instituições financeiras ou plataformas que facilitaram o golpe.